Às vésperas de mais um fim de ano (e não de mundo como muitos alardearam e outros tantos acreditaram e/ou torceram), o blog despede-se deste 2012 intenso presenteando os leitores com um dos temas que mais foram abordados por aqui nos últimos tempos: música.
Listo onze discos de artistas de épocas e estilos diferentes, mas que tem em comum uma indiscutível qualidade musical. De mestres como Baden Powell, Tom Jobim e Leila Pinheiro aos nomes promissores de uma talentosa geração atual, como Vinícius Castro, Tibério Azul e Phill Veras. De presente, alguns discos com links disponíveis para download autorizado ou audição on line. Afinal, Papai Noel tarda, mas não falha! ;)
Um ótimo fim de ano a todos os leitores e um 2013 de menos elucubrações caóticas e mais vida simples.
Continuem conosco!
Continuem conosco!
Talita Guimarães
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“À Vontade” (1963) –
Baden Powell
Um dos maiores mestres do violão na música brasileira, Baden
Powell derrama, muito à vontade - como o título do álbum destaca - todo o seu
talento sob as cordas do instrumento neste disco de 1963. Pérolas como
“Berimbau”, “Consolação”, “Garota de Ipanema” e “O Astronauta” em versões que privilegiam o registro instrumental compõem este precioso terceiro álbum de
uma discografia de quase cinco dezenas de discos do mestre Baden. Para ouvir como se não houvesse amanhã.
“Tom canta Vinícius”
(1990) – Tom Jobim
Grande disco gravado a vivo no Centro Cultural Banco do
Brasil (RJ) em janeiro de 1990, reúne a música e a poesia do Poetinha
interpretadas por ninguém menos que Tom Jobim muitíssimo bem acompanhado da voz
de Paula Morelenbaum, o cello de Jacques Morelenbaum, voz e violão de Paulo
Jobim e ainda voz e flauta de Danilo Caymmi. Entre os registros, “Modinha”,
“Derradeira Primavera”, “Soneto de Separação”, “Você e eu”, “Eu sei que vou te
amar”, entre outros. Entre uma faixa e outra, o disco conserva as intervenções
poéticas de Tom no show, declamando poemas que não foram musicados. Disco para
a estante dos fundamentais.
“Sem Poupar Coração”
(2009) – Nana Caymmi
Dona de uma das vozes mais bonitas da música brasileira e
extensa discografia, Nana Caymmi encanta mais uma vez com seu canto pungente e sentimental
em seu mais recente disco: “Sem Poupar Coração”. Com a marca inconfundível de
sua sofisticação, Nana percorre um repertório repleto de poesia formado por canções
como “Caju em Flor”, “Sem poupar coração”, “Senhorinha”, “Diamante Rubi”, “Bons
momentos”, entre outras. Emocionante.
“Aquele Amor Nem Me
Fale” (2010) – Mariano Marovatto
Mariano Marovatto tem um jeito sutil de cantar. A voz
sussurrada, que confere alguma fragilidade à música com toques bossa-novistas
que permeiam todo o disco, sopra de leve a poesia deste carioca doutorado em
Literatura Brasileira pela PUC - Rio e apresentador ao lado de Maurício Pacheco
do programa “Segue o Som”, exibido nas madrugadas de sábado para domingo na TV
Brasil. Em “Aquele Amor Nem Me Fale”, Marovatto expõe sua veia musical com
composições que mesclam o canto sussurrado dos mestres da Bossa Nova aos anseios
da geração atual em um movimento de aparente resgate que nada mais é que a
expressão de um modo de vida que nunca deixou de existir – comum à zona sul
carioca - e poder ser cantado, tanto pelos cariocas da gênese do movimento
bossa-novista quanto pelos músicos contemporâneos. Um disco, contudo, para
ouvir devagar e aprender a apreciar.
Para ouvir online e/ou baixar "Aquele Amor Nem Me Fale" clique aqui
“Raízes” (2011) –
Leila Pinheiro
Disco afetivo e significativo para a carreira da paraense
Leila Pinheiro, “Raízes” (2011) nasce da necessidade da artista retornar à sua
região natal para cantar a poesia dos compositores amazônicos. As composições
reunidas no disco são preciosidades musicais de uma região marcada pela
natureza exuberante e inspiradora, executado com primor pela sempre excelente
intérprete Leila acompanhada de grandes músicos como Marco Bosco (percussão,
efeitos e programações), Paulo Calasans (teclados e programações), Petch
Calasans (baixo elétrico e silent bass) e Júnior Meireles (guitarra, violões e
cavaquinho). O mérito do disco está no importante registro para a música do
norte do país, com a captura de sons da floresta, rituais indígenas gravados na
comunidade ribeirinha Nossa Senhora do Livramento em Manaus-AM e ainda o canto
de Zeneida Lima gravado ao ar livre, aos pés de uma árvore em pleno município
de Soure, na Ilha de Marajó (PA). Um grande disco para a música brasileira e
uma justa homenagem à cultura amazônica.
“Boa Parte de Mim Vai
Embora” (2011) – Vanguart
Aguardado segundo disco da banda cuiabana Vanguart, “Boa
Parte de Mim Vai Embora” extrai dos términos de relacionamentos amorosos a
poesia contida na dor de precisar seguir em frente, só que desta vez sozinho.
Avassalador pelo conjunto poético, o álbum foi concebido pela banda em meio às
experiências pessoais do vocalista Hélio Flanders e do baixista Reginaldo
Lincoln, ambos em processo de separação em seus respectivos relacionamentos.
Por conta disso, as letras estão fortemente carregadas de experiências
genuínas, vividas pelos músicos e muito bem interpretadas pela voz arrastada de
Hélio que alonga as sílabas conferindo alguma dor aos versos, acompanhado dos
competentes Douglas Godoy (bateria), David Dafré (guitarra e vocais), Luiz
Lazzaroto (piano, teclados, rhodes e vocais), Reginaldo Lincoln (voz, baixo e
vocais) e ainda o violino de Fernanda Kostchak. Um grande disco sobre, como
intenciona a banda e cumpre com louvor, recomeços.
“Bandarra” (2011) –
Tibério Azul
Tibério Azul respira poesia. Seu primeiro disco solo
comprova isso. Cantado inteiramente com o irresistível sotaque do músico pernambucano,
“Bandarra” é um álbum que passeia graciosamente por temas caros ao artista,
como virtudes e princípios norteadores da vida de Tibério. Ao fim de uma
audição atenta, “Bandarra” – que quer dizer “caminho que vai dar no sol” – joga
luz sobre ensinamentos inestimáveis acerca do amor, do trabalho, da forma de
sentir a vida e a poesia pulsante ao redor. Um raro disco para iluminar
caminhos.
"Bandarra" disponível para download aqui
“Jogo de Palavras” –
Vinícius Castro
Inteligente, divertido e crítico. Assim é o disco de estreia
de Vinícius Castro, recifense radicado no Rio de Janeiro, que vem se destacando
pelos interessantes projetos que desenvolve nas áreas de produção musical,
audiovisual e literária. Co-idealizador ao lado do cineasta Daniel Terra do
“Som na Sala” – canal no youtube que mensalmente apresenta um convidado
especial cantando músicas inéditas em vídeos gravados na sala de estar do
recifense – Vinícius é um artista versátil que compõe, canta, toca, produz e
arranja. Em “Jogo de Palavras” apresenta 13 canções inéditas que brincam com os
sentidos e significados de forma poética e perspicaz. Um nome para conhecer e
acompanhar!
"Jogo de Palavras" disponível para download aqui.
“Breve Leveza” (2012)
– Luiza Sales
Disco de estreia da carioca Luiza Sales, “Breve Leveza” é,
como o nome propõe em parte, um disco para flutuar. Mas há de se pensar sobre a
brevidade do efeito da voz de Luiza sobre os ouvintes. Efeito esse que leva
mais tempo do que o título do disco sugere, para se dissipar. Artista escolhida
para inaugurar o selo Radio Hill Rio do produtor norte-americano Dan Garcia,
Luiza Sales percorre um belo repertório composto por músicas de sua autoria e
de parceiros da nova geração de músicos como Vinícius Castro e Yuri Villar,
além de incluir no disco músicas em homenagem aos compositores Rosa Passos e
Djavan. “Breve Leveza” é um grato lançamento do ano que finda e um grande
começo para uma artista talentosa que deve crescer muito no cenário musical
brasileiro nos próximos anos.
Para ouvir o disco on line e conferir vídeos de Luzia Sales, clique aqui.
“Ordinarius” (2012) –
Ordinarius
Fundado em 2008, “Ordinarius” é um sexteto vocal que se
propõe, neste disco de estreia, a interpretar clássicos da música brasileira
com versões devidamente pensadas para a música vocal. O resultado é um disco
homônimo primoroso que privilegia grandes composições do cancioneiro brasileiro
com interpretações de altíssimo nível. Entre as músicas deste primeiro disco
estão “Brejeiro”, “Canto de Ossanha”, Todo Sentimento”, “Balada do Louco”,
entre outros. Vale destacar que o grupo, formado por Augusto Ordine, André
Miranda, Fernanda Gabriela, Gustavo Campos, Luiza Sales e Maíra Martins, foi o
segundo colocado no Concurso Nacional de Grupos Vocais do Brasil Vocal, no
Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB/RJ. Trata-se portanto, de um dos
reconhecidamente melhores grupos vocais do país.
Para ouvir o disco on line, clique aqui.
“Valsa e Vapor” (2012) - Phill Veras
Primeiro EP do maranhense Phill Veras, “Valsa e Vapor”,
produzido e disponibilizado pelo portal Musicoteca, dá uma pequena amostra do
potencial deste rapaz de 21 anos – sim, pequena, diante do talento do jovem
músico já demonstrado em shows solo ou acompanhado de sua antiga banda, a
também talentosa Nova Bossa. Com apenas cinco canções registradas em disco,
Phill desponta como bom letrista e um intérprete na medida certa das próprias
composições – sabe conferir doçura e vigor às músicas como poucos nomes da nova
geração. Temos aqui um artista promissor que merece a devida atenção.
Download disponível do EP "Valsa e Vapor" na Musicoteca.